quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Seus olhos

Estive atento a um fato, me reconheci diante dos seus olhos, olhos dissimulados esses seus. Nunca me olham de frente, carregam sempre um olhar distante que me confundem. Vivo preso num mundo de te seguir, seguir as pistas que você deixa, imagino eu que propositalmente. As semanas passam cada vez mais lentas, contos os dias e as horas pra te encontrar. Percebo que estou vivendo a sua vida e não a minha, como deveria ser. Estou aqui parado, olhando para o teto me perguntando que raio de feitiço você jogou em mim.

Sempre me lembro da sua feição diante dos seus amigos, amigos, do sexo masculino mesmo, tantos sorrisos, tantos toques nos braços, e tantas passadas de língua sobre os lábios. Você sabe que eu morro de ciúmes, não sabe?

Sabe qual é o pior momento dessas horas que eu me lembro de você? É aquele momento que vejo que você não precisa de mim, naquelas horas em que meu ciúme cresce e eu reclamo das suas expressões, da sua roupa, do seu jeito de andar e de mexer nos cabelos. Você simplesmente me olha cabisbaixa e diz: vá embora então, se eu não te agrado, pode ir.

E eu vou. Meu mundo volta ao normal. Até o próximo telefonema seu, falando comigo como se nada tivesse acontecido. Até o próximo encontro onde toda a minha fúria se vai e fica a confusão que os seus olhos causam na minha cabeça. Você me beija a boca e eu me rendo a todos os seus encantos, sem nem ao menos tentar revidar.
As vezes penso em te esquecer, penso que sofreria por determinado tempo e depois te esqueceria, como sempre acontece com todo mundo. Mas entendo que não se luta contra o que não se pode vencer. Não adianta, minha luta é contra mim mesmo. Não posso vencer a mim mesmo. Não quando estou dentro dos seus olhos.

sábado, 25 de outubro de 2008

Diante de você

Hoje eu resolvi tomar coragem e te chamar pra conversar, resolvi te olhar no fundo dos olhos, como eu não fazia há muito tempo, resolvi me posicionar em frente a você e dizer coisas que eu deveria ter te dito, mas tive medo. Hoje eu vou dizer pra você aquilo que você espera, mas que não quer ouvir. E hoje eu vou esperar as lagrimas do seu rosto caírem por sobre a sua face, mas não se preocupe, o lenço vai estar em minhas mãos.

Preciso te contar que durante toda a minha vida você não foi o meu único amor, estive envolvida em tantos amores que por vezes até me esqueci de você, menosprezei, abusei, nem liguei. Depois que cada amor passava você ficava, com uma cara amargurada, sofrida, mas sempre comigo. Preciso te contar também que eu sei que você erra constantemente e que não concordo com tantos dos seus erros, preciso te contar que minto pra você, e isso deve ser o que mais dói, logo eu que sempre achei que a verdade era o melhor caminho, e sempre soube que por mais cruel que fosse a verdade você me entenderia. Preciso te contar, agora, mesmo sem vontade diante desses olhos negros e brilhantes, que por tantas vezes fizeram meu coração sorrir, que você está sozinha.

A partir de hoje eu vou embora, você vai ter que arrumar alguém pra me substituir, não posso fazer mais nada por você, nem de bom, nem de ruim. Estou me separando, estou indo pra só Deus sabe onde. Você fica aqui, não pode mais me seguir.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Visita Alienígena

Estava eu usando computador como muitos usuários espalhados pelo mundo utiliza: programa de mensagens instantânes e sites de relacionamentos. Eis que quando minimizo os programas, vejo em minha área de trabalho um arquivo chamado "relatorio_da_pequisa_do planeta_Terra.doc". Eu nunca tive um arquivo com um nome tão idiota no meu computador... pra falar a verdade, já, mas o que importa é que aquele ícone não estava ali há alguns segundos. Movido pela curiosidade, abri o arquivo. Eis o conteúdo:

"Planeta Terra,
Terça-feira, 14 de outubro de 2008 (segundo a medição de tempo local)

Ao imperador Tzuarklit-54, envio este relatorio contendo as informações sobre a missão que me foi designada nas linhas abaixo:

Sobrevoei a região terráquea mantendo uma distância segura; creio que não fosse realmente a hora de fazer contato sem uma breve análise do comportamento dos seres desse planeta. Encontrei um tipo interessante, que se destaca dos demais seres. Chamam-se entre si de humanos.

Uma coisa que me chamou atenção de imediato foi a capacidade de gerarem armas para se autodestruirem. Diferentemente de nós, que usamos nossas armas apenas para nos defendermos de seres extraplanetarios. E olha que aqui não são apenas os soldados que possuem armas!

Outra coisa que não compreendi bem foi o fato de eles não terem um líder único planetário. Eles dividem seus interesses pelo território, chamado "país" ou "nação". Logo quando comecei minha análise, havia um líder de um desses "países" que pensei ser o líder mundial da Terra, mas me enganei quando vi que ele é extremamente odiado na maioria do planeta. O pior fica por conta de uma "democracia", que deveria atender a todos, mas cria miséria e fome.

Para completar, percebi que esses humanos não devem pertecener a este planeta. Talvez sejam prisioneiros de um outro sistema, pois a relação que eles têm com a natureza local é incrível. Somente este ser é que consegue destruir em vez de se relacionar com o ambiente que o cerca.

Após observação rápida e com um texto resumido, chego a conclusão e considerações finais:

MISSÃO "PROCURA POR VIDA INTELIGENTE" FRACASSADA

Atenciosamente,

Hurknomq-369-Orzub
Chefe da expedição de reconhecimento extraplanetario."

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Questão de Sentimento

Ela sentiu aquele sentimento tomando conta dela pela primeira vez quando tomava banho. Era comum que pensasse em assuntos antigos debaixo do chuveiro. E não pode deixar de pensar nele e ser tomada pelo tal sentimento.

No outro dia, antes de dormir, foi normalmente incomodada. Não sabia se era o corpo, a mente ou o coração que clamava por atenção. Mas sabia que algo deveria ser feito. Ele deveria saber que aquele sentimento existia dentro dela.

Ligou para ele e marcou o local de encontro, Café Cremoso, que por sinal era o mesmo onde se conheceram. Ele aceitou o convite ainda confuso, porém não pode deixar de escapar um sinal de euforia.

Ela escolhe uma roupa nova, se maquia, usa perfume e dá escova no cabelo. Desce seus dois andares do prédio onde mora e chama um táxi. Após trinta e cinco minutos de percurso e retoques na maquiagem, ela chega ao local. Surpresa, ela o encontra já no balcão, acenando.

Desceu a passos largos e velozes. Chegando, abraçou-o com força, e depois de alguns minutos, soltou-o.

Perguntou se ele poderia sentir algo.

Ele disse que não entendia.

Ela perguntou se ele não conseguia entender o que se passava dentro dela.

Ele disse que o abraço dela não conseguia transmitir nada.

Ela finaliza a conversa dizendo que era exatamente isso que ela sentia por ele, depois de terem terminado o namoro há dois meses.

E toca de volta para o táxi, ordenando para o motorista a leve para a balada mais próxima.